Estava andando pelas ruas próximas à escola e uma criatura bem exótica passou por mim. Usava um chapéu de palha, chinelas de couro e tocava xaxado numa flauta de madeira. Ele estava vendendo “Literatura de Cordel”. Do outro lado da rua, um grupo de rapazes apontou para ele rindo e eu ri com eles... Ora! Era uma figura estranha! Depois fiquei pensando: o que havia de engraçado? Aquele homem era pura cultura nordestina e eu estava caçoando dele? O mundo hoje está tão globalizado... Temos acesso a diversas culturas, mas será que isso não fez com que esquecêssemos a nossa? O que faz com que uma cultura seja melhor que outra? Depois de refletir fiquei com vergonha de mim mesma... Olhando-me no espelho constatei que meus traços indígenas estavam mascarados com apetrechos de outras culturas: pulseiras, cordões, maquiagem, roupas... Tudo era baseado em alguma outra nação, menos a minha. Notei quanto sou mesquinha. Decidi mudar! Não sei se isso vai durar muito tempo, mas vou procurar me esforçar em reencontrar minhas raízes...
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